23 de dez. de 2010

Paulista


Subindo as escadas da estação Consolação, na esquina da Augusta com a Paulista. Demoro um pouco para atravessar, faço uma rápida recordação do quanto feliz já fui ali.


Momentos de correria, amizade, encontros e desencontros. Um lugar que me faz feliz, onde as luzes têm um sentido e as pessoas andam apressadas...


Ali caminhando sozinha, olho a Serra da Cantareira, tropeço na imagem do Abapuro e me fascino com o som do skate na calçada no compasso da guitarra.


Ali onde no meio das árvores leio títulos intelectuais e ouço o ambulante de cd pirata.

Onde tudo sintetiza o meu eu...

Onde criei maturidade e comecei a trabalhar...


Um lugar em que Almodóvar anda de mãos dadas com José Padilha e o rock converge com o rap da casa ao lado.


Local de trabalho, diversão, cinema, natureza, ou apenas um lugar para caminhar.


Hoje olhando a lua cheia, caminhando lentamente entre a multidão até a FIESP, ouvindo uma música de um lugar qualquer e vendo as luzes de Natal estas recordações me vieram...


Mari Bernun

7 de nov. de 2010

Prosa por sms

Que saudade do litoral
Da chuva torrencial
Da liberdade de fechar os olhos
Abrir os olhos
Caminhar, me molhar!

De ver o nascer do sol
Sentir a brisa no rosto
O cheiro da maresia
E surfar ao entardecer
que saudade...



Por: Mari Bernun e Guilherme Flausino

4 de nov. de 2010

Parafraseando Drummond


Lembrei ontem de algumas palavras de Drummond...

“... Se o primeiro e último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração agradeça. Deus te abençoou com um presente o Amor.”

27 de out. de 2010

2 de out. de 2010

Pensamentos a partir do 'Caminho de Saw'...

É engraçado como as mudanças ocorrem sem que percebamos...
Aquela menina que jogava futebol quase que diariamente na escola, aquela que estudava fervorosamente com um imenso medo do vestibular, aquela menina com tantos amigos...

O grêmio, a escola, os cursos era um mundo complexo que hoje eu entendo e consigo encontrar respostas para todos os meus problemas e picuinhas da época.

Vejo que boa parte do que sou é reflexo dos erros e acertos da minha infância. Hoje estava eu naquela praça ouvindo meu mp4 me perdendo nas tantas palavras de um dos livros de Proust.

Pois é! Não foi ninguém que abriu meus olhos, mas foram as quarenta e tantas páginas que li até o momento do escritor francês que me fez pensar no quanto mudei nestes meus 20 anos.

O primeiro indicio desta conclusão está no próprio livro, já tentei lê-lo três vezes e nunca passei da terceira página. Simplesmente por não estar preparada para certas palavras e ensinamentos ali traduzidos por Mário Quintana. Lá na praça com aquele sol escaldante eu quase perdi a hora em um mergulho profundo das palavras e frases que me levaram para momentos da minha vida...

Tantas vezes, assim como o autor, eu me vi acuada pelo simples fato de querer expressar algo que naquele momento parecia improvável, impossível.
Além do livro outro motivo tem martelado minha mente com possibilidades que a dois ou três dias atrás eu não as enxergava.

Eu procurava respostas às minhas dúvidas apenas no âmbito moral e real, mas vejo que o coração tem que entrar nessa história para policiar todos os outros sentimentos. Sabe quando vem aquele momento de ignorância e de estupidez bem percebido naquelas pessoas racionais?

Pois bem, a Mariana se encontrava muitas vezes presa dentro deles com pequenas chances de reversão. Foi então que percebi que se eu colocasse de um lado da balança toda a minha expressividade e do outro toda minha racionalidade algo bem balanceado e natural poderia sair Dalí. Essa é uma mudança que poucos perceberam ou ninguém percebeu, sei lá, mas eu percebi e isso já pode significar algo.

Desde o colégio aos dias atuais foram evoluções e retrocessos, este último eu via como algo pejorativo para vida, mas lendo Marcel Prost percebi que retrocessos são e fazem parte da própria evolução que vai de cada um perceber.

Sei que até o final deste ano muitas coisas vão rolar...

Eu poderei ler isso e achar a pior besteira que já escrevi, poderei estar com outra aparência, me aventurar em uma nova paixão, entrar para um curso que antes seria mito, enfim, estou louca para terminar de ler o Caminho de Saw e junto encontrar o Caminho da Mari.

1 de set. de 2010

A espera do desconhecido

Subi no barco a vela a espera de um vento que me levasse pra perto de ti.
Era dia e o sol escaldante tornava meus olhos apertados, não enxergava muito, mas podia sentir. Era o sentimento pulsante e assombroso que me fazia querer chegar até você. O barco balançava e o ritmo cadenciava em meu peito, era uma sinfonia alta que parecia não ter fim, sem maestro, músicos e platéia...
Apenas eu, o mar, o vento e alguém a espera do desconhecido.


Mari Bernun

11 de ago. de 2010

Retrato de uma manhã

Sono muito sono...
Largos passos até o ponto, olhar embaçado, a sensação térmica era de uns 15 graus. Ônibus lotado com pessoas mal-humoradas. Depois de quatro pontos o sufoco era o fim, ou parte dele.

O destino agora era a bela estação as margens do Rio Pinheiros.
Sono muito sono...

Após uma rápida espera de 7 minutos chega o bem articulado com uma quantidade significativa de trabalhadores.
Sem fone, com o mp4 descarregado, começo a escrever palavras na mente. Tento encontrar uma dinâmica para passar o tempo entre as oito estações seguintes.

Escrevendo em pensamentos, lembrando do passado e tentando me perder no presente, aventuro-me em um mundo estranho, onde as cores são em preto e branco e só mudam os tons.


De longe avisto um banco.
Nele não tinha ninguém, apenas lembranças de um dia inoportuno...


Sentei, fiquei e fotografei.

Lembrei do momento de negação e inquietude desperto em mim. Tentei mudar meus pensamentos, curar meus sentimentos, mas era a lembrança estática, muda e melodiosa que não queria ir embora.
Os ponteiros já marcavam 9h45m era momento de partir...

Voltei à realidade. Era a rotina batendo na porta.

Sobe elevador, oitavo andar, cara de sono e um sonoro - bom dia!
Aperto botão e entro no e-mail...
O computador desliga.
Aperto botão novamente, não envio relatório de erros e em mais uma tentativa abro o e-mail.
O início de um novo dia.

Mari Bernun


8 de ago. de 2010

O A S U L I

Ontem vi sonhos inacabados
Palavras cruzadas
Pessoas desesperadas
Não vi a alegria como de costume
Nem o pão partilhado entre amigos
Algo estava na contramão
Era mais um devaneio acordado
Daquele que descansa
De um pesadelo abstrato


Mari Bernun

22 de jan. de 2010

Gosto...

O som da chuva de verão na minha janela

Gosto do cheiro molhado do asfalto
De sentar a beira do mar, ver o sol nascer se por.
Gosto do seu sorriso, da sua inteligência disfarçada

Gosto...

Do azedo, de comer limão do pé!
Do doce do chocolate e do amargo espinafre.

Gosto do seu gesto irritante!
Da pele da sua mão macia...
De sentir o vento no rosto ao andar de bicicleta

Eu gosto...

De sentar na prancha e esperar a onda chegar.

Do engodo proposital
Do amor artesanal
Do flash inesperado
Do all star surrado...

Da maneira de dançar
Da música pouco conhecida
Da batida do reggae
De ver a criança brincar no parque.

Gosto do verde
De imitar o som dos pássaros
Da preocupação tímida!
Do toque do violão
Do andar desajeitado!
Do suave som da voz...

Gosto da alegria escancarada!
Dos prédios altos
Da pintura renascentista
Da ponta da bailarina.

A boina que poucos gostam!

Eu gosto!

Do pizzicato do violino
Dos gestos do maestro
Do sono pesado
De andar com os pés no chão, descalço.
Do cantar desritmado
Da triste solidão...

Eu gosto

De rir com meu pai
De conversar com minha mãe
De dançar com a minha irmã

Gosto da lua cheia...
E da primeira estrela que vejo no céu!

Gosto do som ensurdecedor da ressaca do mar!
De andar sem rumo
Das decisões de ultima hora...

Gosto da briga que termina em risos

Do abraço do amigo
Do sussurro ao pé do ouvido

Eu gosto...

Mari Bernun