24 de jun. de 2009

22 de jun. de 2009



Os 50 imaginários anos de Cazuza, ídolo dos 80
Se estivesse vivo, Cazuza teria feito 51 anos no dia, 4 de abril de 2009. É difícil imaginar como estaria hoje a música e a cabeça desse poeta e compositor que soube como poucos encarnar o espírito libertário do rock na década de 80. Cazuza personificava o exagero, o excesso. De talento. De vida. De amor. De poesia despudorada como a que pôs em letras antológicas feitas para os primeiros discos do Barão Vermelho, o grupo carioca que o projetou para o Brasil a partir de 1982. Cazuza era do rock. Mas também da música brasileira mais passional. É como se Janis Joplin encontrasse Lupicínio Rodrigues no Baixo Leblon. Com um aceno para Dolores Duran. E para os que transitavam no dark side.
Cazuza morreu jovem, devastado por uma Aids impiedosa que corroeu as defesas de seu organismo, mas que, em contrapartida, fortaleceu as imagens de seus versos, lapidados pela maturidade precoce imposta pela vivência de uma doença tão cruel. Aquele garoto que ia mudar o mundo morreu jovem. E, como todo jovem talento que sai forçosamente de cena na plenitude do cumprimento de sua missão artística, virou mito. Não envelheceu como artista diante de seu público. Difícil imaginar Cazuza aos 50 anos, já que, com 30, ele ousava ser um roqueiro que incursionava pela música brasileira quando ainda existia um muro imaginário dividindo o rock e a sagrada MPB. Cazuza embaralhou as cartas desse mercado no seu melhor disco solo, Ideologia, gravado em 1988 com urgência, já sob efeito das reflexões e balanços provocados pela doença. Certo é que sua obra passou com louvor na peneira do tempo por conta da forte originalidade.