É engraçado como as mudanças ocorrem sem que percebamos...
Aquela menina que jogava futebol quase que diariamente na escola, aquela que estudava fervorosamente com um imenso medo do vestibular, aquela menina com tantos amigos...
O grêmio, a escola, os cursos era um mundo complexo que hoje eu entendo e consigo encontrar respostas para todos os meus problemas e picuinhas da época.
Vejo que boa parte do que sou é reflexo dos erros e acertos da minha infância. Hoje estava eu naquela praça ouvindo meu mp4 me perdendo nas tantas palavras de um dos livros de Proust.
Pois é! Não foi ninguém que abriu meus olhos, mas foram as quarenta e tantas páginas que li até o momento do escritor francês que me fez pensar no quanto mudei nestes meus 20 anos.
O primeiro indicio desta conclusão está no próprio livro, já tentei lê-lo três vezes e nunca passei da terceira página. Simplesmente por não estar preparada para certas palavras e ensinamentos ali traduzidos por Mário Quintana. Lá na praça com aquele sol escaldante eu quase perdi a hora em um mergulho profundo das palavras e frases que me levaram para momentos da minha vida...
Tantas vezes, assim como o autor, eu me vi acuada pelo simples fato de querer expressar algo que naquele momento parecia improvável, impossível.
Além do livro outro motivo tem martelado minha mente com possibilidades que a dois ou três dias atrás eu não as enxergava.
Eu procurava respostas às minhas dúvidas apenas no âmbito moral e real, mas vejo que o coração tem que entrar nessa história para policiar todos os outros sentimentos. Sabe quando vem aquele momento de ignorância e de estupidez bem percebido naquelas pessoas racionais?
Pois bem, a Mariana se encontrava muitas vezes presa dentro deles com pequenas chances de reversão. Foi então que percebi que se eu colocasse de um lado da balança toda a minha expressividade e do outro toda minha racionalidade algo bem balanceado e natural poderia sair Dalí. Essa é uma mudança que poucos perceberam ou ninguém percebeu, sei lá, mas eu percebi e isso já pode significar algo.
Desde o colégio aos dias atuais foram evoluções e retrocessos, este último eu via como algo pejorativo para vida, mas lendo Marcel Prost percebi que retrocessos são e fazem parte da própria evolução que vai de cada um perceber.
Sei que até o final deste ano muitas coisas vão rolar...
Eu poderei ler isso e achar a pior besteira que já escrevi, poderei estar com outra aparência, me aventurar em uma nova paixão, entrar para um curso que antes seria mito, enfim, estou louca para terminar de ler o Caminho de Saw e junto encontrar o Caminho da Mari.
Terminou de ler o livro?
ResponderExcluirMuito bom seu post, acho que a vida é isso mesmo, enquanto vamos nos envolvendo com ela vamos mudando, rola um pouco de auto conhecimento também sabe?
A gente começa a olhar mais para os lados e ver que somos muito mais do que pensávamos ser e que certas coisas que a gente achava complexas de mais são bobagens.
ótimo post, além de bem escrito faz a gente refletir bastante sobre a vida.